Em um país de maioria negra e com o empreendedorismo em pauta a necessidade ainda é o maior fator que motiva empreendedores negros a abrirem um negócio.
São cerca de 14 milhões de homens e mulheres negras responsáveis por uma renda própria em torno de 1,7 trilhão de reais por ano, de acordo com a pesquisa A Voz e a Vez – Diversidade no Mercado de Consumo e Empreendedorismo, realizado pelo Instituto Locomotiva com apoio do Itaú.
Como a presença dos empreendedores negros no mercado está transformando as empresas como conhecemos?
Brasil, um país negro!
Temos a maior população negra fora do continente africano e a segunda maior do mundo, ficando atrás apenas da Nigéria.
Mas a realidade sócio-econômica por aqui não é digna de aplausos. Segundo o último senso do IBGE, dos 10% mais pobres da população brasileira, 78,5% são negros. Já entre os 10% mais ricos apenas 24,8% são negros.
No mercado de trabalho e na educação, nem tanto…
Se maioria da população é negra a presença nas universidades e empresas também é massiva? Pelo contrário, segundo o instituo Ethos, quanto mais alto o cargo em empresas, menor é a presença de pessoas negras. Apenas 5% dos cargos executivos e conselhos administrativos são ocupados por negros.
Paras as mulheres negras a situação é ainda mais grave. Elas recebem 59% menos do que homens brancos para desempenhar as mesmas funções. Dentre as 548 maiores empresas do Brasil apenas 2 são comandadas por mulheres negras.
E nas universidades e faculdades apenas recentemente os negros se tornaram maioria nas salas de aula.
As barreiras para profissões tradicionais
Por que é tão difícil (mas felizmente cada vez menos) encontrar médicos, juízes ou diretores de grandes empresas? Por serem tão tradicionais e antigas, estas profissões muitas vezes exigem uma educação básica de qualidade.
Um estudo feito pela Small Business Administration (SBA) que é uma espécie de Sebrae americano, aponta que os empreendedores negros têm seu pedido de crédito negado três vezes mais do que os brancos.
Não obstante, a falta de oportunidades e com frequência as discriminações reduzem bastante a chance de negros ocuparem tais cargos.
A necessidade é a mãe da inovação.
Com menos oportunidades em empresas, faculdades e universidades resta aos negros a saída que está em pauta nos últimos anos. O empreendedorismo.
Mas se engana quem acha que no mundo dos negócios os empreendedores negros têm as mesmas condições de crescimento que os demais.
A solução? Inovar.
Empreendedores Negros e suas Startups
Para Tiago Santos CEO da fintech Huzky, em entrevista ao blog da StartSe, “… a diferença fundamental para o grau de dificuldade em se ter um negro médico, juiz, ou diretor de uma empresa é a acessibilidade. Ter formação básica educacional é o que você precisa. No mais, o desenvolvimento seu como empreendedor depende muito da sua própria atitude, tempo dedicado, livros lidos, mãos ‘sujas’ no trabalho, na prática, no dia a dia”.
Além disso, o ambiente das startups é mais igualitário e justo. As oportunidades aparecem para quem tem uma grande ideia e sabe bem como colocá-la em prática.
Um exemplo de empreendedorismo e consciência social é a 4way, uma escola que facilita o acesso de jovens da periferia ao ensino da língua inglesa. A marca levanta a bandeira da inclusão e da educação em todos os níveis.
Nina Silva que esteve palestrando no RD Summit 2019 em Florianópolis é porta-voz do Movimento Black Money. Um hub de inovação para inserção dos negros no mundo do empreendedorismo e inovação digital.
São muitos e muitas em um movimento de transformação de mercado. Seja na inclusão da comunidade negra, na criação de soluções inovadoras ou para fugir de uma realidade de poucas oportunidades, as empreendedoras e empreendedores negros vêm construindo um novo mercado.